O Bambu Amado
Era uma vez um maravilhoso jardim, situado bem no centro de um grande campo. O dono costumava passear pelo jardim, ao clarão do luar, à noite... Um belo bambu era para ele a mais bela e estimada de todas as árvores do seu jardim.
Ao seu olhar carinhoso, esse bambu crescia e se tornava cada vez mais formoso. Ele sabia que seu senhor o amava e que ele era sua alegria. Um dia, o dono, pensativo, aproximou-se do seu amado bambu e, num gesto de profunda veneração, o bambu inclinou sua cabeça imponente...
O senhor disse a ele:
– Querido bambu, eu preciso de você.
O bambu estava feliz, parecia ter chegado a grande hora de sua vida. Ele respondeu:
– Meu senhor, estou pronto, faze de mim o que quiseres!
– Bambu! – a voz do senhor era grave – Bambu, só poderei usá-lo, se eu o podar.
– Podar? A mim, senhor?! Por favor, não faças isso! Preserve a minha bela figura. Tu vês como todos me admiram, me elogiam!
– Meu bambu amado – a voz do senhor tornou-se ainda mais grave – não importa que o papariquem ou não... seu não o podar não poderei usá-lo...
No jardim tudo ficou silencioso. O vento segurou a respiração. Finalmente o lindo bambu se inclinou e sussurrou:
– Senhor, se não podes usar sem podar-me... então, faze comigo o que quiseres!
– Meu querido bambu – tornou o senhor – devo também cortar as suas folhas!
– Óh, senhor, se me amas, preserva-me de tal mal!! Podes destruir minha beleza, mas, por favor, deixa as minhas folhas!
– Não o posso usar se não arrancar-lhe as folhas.
A lua e as estrelas, confusas, escondem-se atrás das nuvens... Algumas borboletas e pássaros, que por ali brincavam, afastaram-se assustados. O bambu, meio trêmulo, à meia voz, disse:
– Senhor, corta-as!
Mas o senhor disse:
– Ainda não basta meu querido bambu. Devo cortá-lo pelo meio e tomar também seu coração. Se não fizer isso não poderá ser-me útil.
– Por favor, Senhor – disse o bambu – eu não poderei mais viver... Como viver sem o coração?
– Devo tirar seu coração, caso contrário não me serás útil.
Então o bambu inclinou-se até o chão e disse:
– Corta-me e divide-me se assim o desejares!
O senhor desfolhou o bambu... decepou os seus galhos... partiu-o em duas partes... tirou-lhe o coração. Depois, levou-o para o meio do campo ressequido, a uma fonte onde jorrava água fresca. Lá o senhor deitou cuidadosamente o seu querido bambu no chão. Ligou uma das extremidades do tronco decepado à fonte e a outra ele levou para o campo. E a fonte cantou as boas vindas.
As águas cristalinas precipitaram-se alegres pelo corpo dilacerado do bambu, correram sobre os campos tórridos e áridos, que por elas tanto tinham suplicado... Ali plantou-se o trigo, o arroz, o milho, rosas... e outras flores das mais variadas espécies e cores.
Os dias passaram, a sementeira brotou, cresceu e veio o tempo da colheita... farta e abundante. Assim, o maravilhoso e esbelto bambu. No seu aniquilamento e humildade, transformou-se numa benção especial.
Quando ele era belo e jovem, crescia somente para si e se alegrava com sua própria formosura. Agora, no seu despojamento, ele se tornou o canal do qual o senhor se serviu para tornar fecundas as suas terras... e muitos, muitos passaram a viver do pródigo tronco do bambu amado.
Ao seu olhar carinhoso, esse bambu crescia e se tornava cada vez mais formoso. Ele sabia que seu senhor o amava e que ele era sua alegria. Um dia, o dono, pensativo, aproximou-se do seu amado bambu e, num gesto de profunda veneração, o bambu inclinou sua cabeça imponente...
O senhor disse a ele:
– Querido bambu, eu preciso de você.
O bambu estava feliz, parecia ter chegado a grande hora de sua vida. Ele respondeu:
– Meu senhor, estou pronto, faze de mim o que quiseres!
– Bambu! – a voz do senhor era grave – Bambu, só poderei usá-lo, se eu o podar.
– Podar? A mim, senhor?! Por favor, não faças isso! Preserve a minha bela figura. Tu vês como todos me admiram, me elogiam!
– Meu bambu amado – a voz do senhor tornou-se ainda mais grave – não importa que o papariquem ou não... seu não o podar não poderei usá-lo...
No jardim tudo ficou silencioso. O vento segurou a respiração. Finalmente o lindo bambu se inclinou e sussurrou:
– Senhor, se não podes usar sem podar-me... então, faze comigo o que quiseres!
– Meu querido bambu – tornou o senhor – devo também cortar as suas folhas!
– Óh, senhor, se me amas, preserva-me de tal mal!! Podes destruir minha beleza, mas, por favor, deixa as minhas folhas!
– Não o posso usar se não arrancar-lhe as folhas.
A lua e as estrelas, confusas, escondem-se atrás das nuvens... Algumas borboletas e pássaros, que por ali brincavam, afastaram-se assustados. O bambu, meio trêmulo, à meia voz, disse:
– Senhor, corta-as!
Mas o senhor disse:
– Ainda não basta meu querido bambu. Devo cortá-lo pelo meio e tomar também seu coração. Se não fizer isso não poderá ser-me útil.
– Por favor, Senhor – disse o bambu – eu não poderei mais viver... Como viver sem o coração?
– Devo tirar seu coração, caso contrário não me serás útil.
Então o bambu inclinou-se até o chão e disse:
– Corta-me e divide-me se assim o desejares!
O senhor desfolhou o bambu... decepou os seus galhos... partiu-o em duas partes... tirou-lhe o coração. Depois, levou-o para o meio do campo ressequido, a uma fonte onde jorrava água fresca. Lá o senhor deitou cuidadosamente o seu querido bambu no chão. Ligou uma das extremidades do tronco decepado à fonte e a outra ele levou para o campo. E a fonte cantou as boas vindas.
As águas cristalinas precipitaram-se alegres pelo corpo dilacerado do bambu, correram sobre os campos tórridos e áridos, que por elas tanto tinham suplicado... Ali plantou-se o trigo, o arroz, o milho, rosas... e outras flores das mais variadas espécies e cores.
Os dias passaram, a sementeira brotou, cresceu e veio o tempo da colheita... farta e abundante. Assim, o maravilhoso e esbelto bambu. No seu aniquilamento e humildade, transformou-se numa benção especial.
Quando ele era belo e jovem, crescia somente para si e se alegrava com sua própria formosura. Agora, no seu despojamento, ele se tornou o canal do qual o senhor se serviu para tornar fecundas as suas terras... e muitos, muitos passaram a viver do pródigo tronco do bambu amado.
Mensagem esparsa
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O amor me move: só por ele eu falo.
Dante Alighiere
Escritor italiano