A saúde é definida pela Organização Mundial de Saúde - OMS como o estado de completo bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. No que se refere ao saneamento, a OMS define como o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre seu bem estar físico, mental e social. Portanto, é evidente que saneamento e saúde pública são questões indissociáveis e, ao se analisar esses aspectos, pode-se concluir que o Brasil é um país em grave estado de saúde.
Essas definições deixam claro que saneamento constitui um conjunto de ações sobre o meio ambiente físico, portanto de controle ambiental, cujo objetivo é proteger a saúde do homem. De uma maneira geral, o saneamento associa sistemas constituídos por uma infra-estrutura física (obras e equipamentos) e uma estrutura educacional, legal e institucional que abrangem os seguintes serviços:
- Abastecimento de água potável em quantidade suficiente para a garantia de condições básicas de conforto;
- Coleta, tratamento e disposição ambientalmente adequada dos esgotos sanitários;
- Coleta, tratamento e disposição ambientalmente adequada dos resíduos sólidos;
- Coleta das águas pluviais e controle de inundações;
- Controle de vetores de doenças transmissíveis (insetos, ratos, etc.).
Dados relativos às doenças de veiculação hídrica revelam a precariedade dos serviços de saneamento no Brasil. Embora aceita como necessária e conveniente, praticamente não existe integração entre os planos e programas de saúde e de saneamento no país. Os programas de saúde têm se limitado a uma ação de caráter corretivo, sem priorizar estratégias de prevenção, ou seja, o saneamento básico.
Pode-se afirmar que se as condições de saneamento no Brasil fossem mais adequadas, haveria uma substancial melhoria no quadro de saúde da população. Além disso, o país economizaria com a construção e manutenção de hospitais e com a compra de medicamentos.
Além das medidas estruturais de saneamento básico, o controle da transmissão dessas doenças completa-se quando é promovida a educação sanitária, adotando-se hábitos higiênicos como a utilização e manutenção adequada das instalações sanitárias e melhorias na higiene pessoal, doméstica e alimentar.
Diversas doenças infecciosas e parasitárias têm no meio ambiente fases de seu ciclo vital, como por exemplo, doenças de veiculação hídrica, com transmissão feco-oral. A implantação de um sistema de saneamento, nesses casos, significaria interferir no meio ambiente, de maneira a interromper o ciclo de transmissão da doença.
A maior parte das doenças transmitidas para o homem é causada por microorganismos, tais como bactérias, protozoários, helmintos e vírus.
Além das doenças de origem biológica, a água pode ainda ser veículo de inúmeras substâncias químicas, capazes de provocar problemas graves para a saúde humana.
Confira abaixo as principais doenças relacionadas com a água contaminada:
Grupos de Doenças Formas de Transmissão Principais Doenças Formas de Prevenção
Transmitidas pela via feco-oral (ingestão de alimentos ou água contaminados com fezes) O organismo patogênico (agente causador da doença) é ingerido. Diarréia e disenteria, como a cólera e a giardíase, febre tifóide e paratifóide, leptospirose, amebíase, hepatite infecciosa e ascaridíase (lombriga) Proteger e tratar as águas de abastecimento e evitar o uso de fontes contaminadas, fornecer água em quantidade adequada e promover a higiene pessoal, doméstica e dos alimentos.
Controladas pela limpeza com água (associadas ao abastecimento insuficiente de água) A falta de água e a higiene pessoal insuficiente criam condições favoráveis à sua disseminação. Infecções na pele e nos olhos, como o tracoma e o tifo relacionado com piolhos, e a escarbiose. Fornecer água em quantidade adequada e promover a higiene pessoal e doméstica.
Associadas à água (parte do ciclo vital do agente infeccioso ocorre em um animal aquático) O patogênico penetra pela pele ou é ingerido. Esquistossomose. Proteger os mananciais, adotar medidas adequadas para a disposição dos esgotos, combater o hospedeiro intermediário e evitar o contato de pessoas com a água poluída.
Transmitidas por vetores que se relacionam com a água. As doenças são propagadas por insetos que nascem na água ou picam perto dela. Malária, febre amarela, dengue e filariose (elefantíase). Eliminar condições que possam favorecer criadouros, evitar contato com criadouros e combater os insetos transmissores.